A importância da Suplementação na Nutrição Animal

Nos últimos 50 anos, o consumo global de carne aumentou vertiginosamente. Analisando os resultados do setor, houve um crescimento de 4 a 5 vezes, passando de 71,36 milhões de toneladas em 1961, para 317,8 milhões de toneladas em 2014.

Ao olharmos o crescimento por continente os números surpreendem.

A produção europeia dobrou, a norte-americana multiplicou 2,5 vezes e a asiática aumentou seus resultados em incríveis 1392%. A previsão é que esse mercado movimente 2,1 trilhões de dólares em 2020.

Ou seja, é preciso produzir mais e melhor para atender à crescente demanda. Otimizar os resultados dos sistemas de criação animal é uma estratégia altamente eficiente e eficaz que garante um aumento significativo na lucratividade das granjas.

Dentro deste universo, as suplementações nutricionais têm se mostrado uma excelente opção, pois a nutrição é o maior custo dentro de uma produção animal. O crescimento deste mercado de aditivos, inclusive, deverá crescer entre 3,5% e 4% até 2023.

Investir em uma alimentação eficiente e, ao mesmo tempo, menos onerosa, traz melhores resultados diretos ao produtor.

Antes de falarmos sobre as soluções disponíveis, vamos esclarecer algumas diferenças entre os termos.

Qual é a diferença entre dieta, ração e suplementação?

Apesar de, às vezes, serem utilizadas como sinônimos, existe uma diferença entre os três, vamos lá:

• Dieta: conjunto de ingredientes que irão fornecer todos os nutrientes necessários para mantença, desenvolvimento e produção dos animais;
• Ração: o termo ração é mais utilizado pelos nutricionistas como antigamente, porém entende-se “ração” a dieta fracionada que será fornecida em um período de 24 horas;
• Suplementação: é o fornecimento de substâncias de caráter nutricional – ou não- além do necessário para o desenvolvimento do animal, aumentando a eficiência produtiva e otimizando a capacidade de produção.

A suplementação pode ser introduzida em todos os animais de produção, como ruminantes, não-ruminantes e animais aquáticos, como rãs, peixes e camarões. Os animais de produção não ruminantes mais comuns no mercado são os frangos e suínos.

Os suínos, necessitam atenção nutricional especial durante o ciclo produtivo, pois apresentam diversas fases de produção (maternidade, crescimento, gestação, reprodução e terminação) com diferentes exigências nutricionais para seu melhor desempenho.

Quando deve-se entrar com a suplementação?

É necessário consultar um profissional qualificado para entrar com a suplementação dos animais em questão. Normalmente, essa averiguação é realizada por um zootecnista ou médico veterinário responsável pela elaboração das dietas.

Suínos, por exemplo, necessitam de 6 classes gerais de nutrientes.

São eles:

• Água;
• Carboidratos;
• Gorduras;
• Proteínas (aminoácidos);
• Minerais;
• Vitaminas.

A energia, por mais que não seja considerado um nutrientes, trata-se de um importante componente nutricional e é derivado principalmente da oxidação de carboidratos e gorduras.

Fatores genéticos, ambientais, disponibilidade de nutrientes nos alimentos, os níveis de doenças e outros estressores podem aumentar o nível necessário de alguns nutrientes para um ótimo desempenho e reprodução.

Mas atenção: suplementar a dieta sem necessidade pode trazer prejuízos no desenvolvimento dos animais. O excesso de vitaminas ou minerais, por exemplo, podem acarretar em sérios problemas metabólicos.

Que tipo de suplementação pode ser utilizado para suínos?

Inúmeras formas de suplementação podem ser acrescentadas nas dietas, desde alimentos energéticos, proteicos, complexos vitamínicos, minerais, enzimas e medicamentos.

Confira abaixo algumas soluções:

Fitase

A fitase é uma enzima eficaz nas rações de crescimento de suínos, pois, em média, 70% do fósforo dos produtos de origem vegetal não está disponível para os animais. Consequentemente, ao acrescentar a fitase nas rações, ela tem a capacidade de disponibilizar o fósforo para ser metabolizado pelo organismo do animal, diminuindo a excreção do mineral.

A liberação através da fitase ocorre, pois essa enzima realiza a quebra do fitato, responsável por não disponibilizar o fósforo ao metabolismo animal.

Ferro

A suplementação de ferro em leitões recém-nascidos auxilia na formação de hemoglobinas que atuam no desempenho do metabolismo e sistema imunológico do animal.

Os leitões podem estar suscetíveis a anemias ferroprivas devido à falta do mineral, podendo ocasionar um grande aumento no índice de mortalidade.

Naturalmente, os leitões nascem com esta carência devido à baixa capacidade de transferência de nutrientes via placenta no útero das leitoas. Além disso, existe uma baixa quantidade deste mineral presente no leite materno, principal alimento nos primeiros dias de vida.

Vitaminas

As vitaminas também são nutrientes que desempenham importantes papéis no metabolismo dos animais. Elas geralmente são divididas em dois grupos: lipossolúveis e hidrossolúveis.

Os alimentos inseridos nas dietas fornecerem grande parte das vitaminas necessárias. Porém, em dietas formuladas sem grande complexidade ou utilizando-se poucos ingredientes, existe uma grande chance de elas não contemplarem a necessidade vitamínica adequada.

É importante salientar também que não há a necessidade de suplementar todas as vitaminas, como é o caso da vitamina C.

Progestágenos

Estudos demonstram a possibilidade comercial na suplementação de progestágenos no pré-parto das matrizes prenhas. A ideia desta suplementação é evitar partos antecipados, uma vez que as gestações das leitoas dentro da granja devem ser acompanhadas.

Ao ocorrer partos prematuros ou em horários em que os colaboradores são estiverem presentes, isso pode gerar mortalidade dos leitões. Portanto a supervisão do parto se faz necessário para evitar tais perdas neonatais.

A ideia da suplementação de progestágenos é realizar a manipulação do momento do parto através da manutenção de níveis plasmáticos elevados de progestágeno durante o final da gestação, a fim de evitar partos antecipados.

Proteína Hidrolisada de Frango

A Proteína Hidrolisada de Frango é um ingrediente altamente proteico e natural originado a partir da hidrólise enzimática de carne, miúdos e fígado de frangos, que quebra essas proteínas e gera cadeias menores de aminoácidos, os peptídeos bioativos. Consequentemente, possui uma maior digestibilidade quando comparado a cadeias de proteínas mais complexas.

Paralelamente, a proteína hidrolisada de frango é um ingrediente altamente palatável, tornando-o atrativo ao consumo pelos animais. Consequentemente, com uma melhor palatabilidade e digestibilidade, tem-se uma melhora nos índices de conversão alimentar.

Suplementação na produção aqua

O fornecimento da suplementação é realizado em qualquer espécie de interesse zootécnico. Em locais onde há períodos de pouco alimento, principalmente no inverno, é fornecido aos animais uma suplementação proteica, vitamínica e de aminoácidos para suprir a necessidade nutricional.

Na aquicultura, antigamente, era muito utilizado a suplementação de antibióticos para garantir melhor desempenho no crescimento e sanidade dos animais.

Porém, nos últimos anos há uma forte tendência contra o uso indiscriminado de antibióticos por causarem resistência em microrganismos patogênicos, além de possíveis resíduos dos antibióticos nos produtos finais. Mas há uma saída!

Nucleotídeos

A alternativa que para substituir os antibióticos é o uso da suplementação de nucleotídeos nas dietas dos animais aquícolas, neste caso, peixes e camarões.

Essa suplementação melhora o ganho de peso corporal e a conversão alimentar, principalmente nos primeiros dias de vida.

Na produção de salmão, por exemplo, ao utilizar a suplementação de nucleotídeos, notou-se uma redução de 38% o número de infeções por piolho do mar no sistema produtivo, além de melhoria no sistema de osmorregulação.

O uso desta suplementação em camarões mostra aumento na taxa de crescimento, maior taxa de conversão alimentar de proteínas e lipídeos.

Ingredientes proteicos

Outra opção interessante para suplementação nutricional disponível no mercado são os ingredientes protéicos.

Produzidos também a partir da hidrólise enzimática, os benefícios incluem uma alta concentração de peptídeos bioativos, alta palatabilidade e, consequentemente, uma melhor conversão alimentar.

Paralelamente, tem-se uma melhora na qualidade da água dos tanques, uma vez que existe uma melhor digestibilidade, menor teor de fósforo, gerando menos matéria orgânica acumulada no ambiente e eutrofização.

Conclusão

O crescimento vertiginoso no mercado mundial de carne é um importante indicador de que precisamos produzir mais e aumentar a qualidade. Dessa maneira, os sistemas de criação animal como um todo devem ser otimizados ao máximo, buscando aumentar sua rentabilidade e, ao mesmo tempo, absorver a demanda do mercado.

Nesse sentido, a nutrição merece atenção especial por representar a maior parcela dos custos envolvidos na criação. Muitas vezes, apenas as rações não são suficientes para contemplar uma nutrição animal adequada.

Portanto, a suplementação nutricional é uma excelente maneira de garantir melhores taxas de digestibilidade, conversão alimentar, consequentemente, aumentar a rentabilidade do sistema produtivo como um todo.