Data: 26/04/2021

A formulação de rações e alimentos destinados aos animais deve considerar alguns fatores importantes para manter a eficiência do produto e a boa aceitação de mercado. A escolha das matérias-primas, por exemplo, deve ser feita com base em análises como composição química, palatabilidade e digestibilidade na nutrição animal.

Para avaliar o custo-benefício de um ingrediente e otimizar a produção, é preciso não só escolher elementos ricos em nutrientes, mas garantir que eles sejam realmente aproveitados pelo organismo animal. Esse aproveitamento pode variar de acordo com o ingrediente e com a espécie, e o cálculo é feito através de testes que determinam o coeficiente de digestibilidade para cada caso.

Ao escolher ingredientes que apresentam alta digestibilidade, os formuladores conseguem melhorar a eficácia de seus produtos, garantindo a manutenção correta da nutrição e da saúde animal e a qualidade e autoridade da marca no mercado.

O que é a digestibilidade na nutrição animal?

A digestibilidade é o fator que revela qual o potencial que um ingrediente tem de ser digerido, absorvido e aproveitado pelo organismo do animal, seja em nutrientes ou em energia. 

Conhecer esse coeficiente é de grande importância na hora da tomada de decisões de empresas formuladoras de ração e alimento animal. Isso porque ele ajudará na escolha das matérias-primas ideais de acordo com a espécie e o tipo de alimentação a ser produzida. 

Com as inovações do mercado e novidades no setor de estudos e pesquisas, manter-se atualizado sobre a digestibilidade dos ingredientes é a melhor forma de otimizar a produção e reduzir custos. Afinal, empresas formuladoras poderão avaliar os ingredientes utilizados e substituí-los caso encontrem novas alternativas com um melhor custo-benefício.

Escolher elementos ricos em nutrientes sem conhecer sua taxa de digestibilidade pode colocar em risco a eficiência prática da ração. A baixa digestibilidade na nutrição animal pode fazer com que animais percam peso e apresentem deficiências nutricionais, mesmo que os nutrientes estejam aparentemente presentes na tabela nutricional do alimento.

Nesse cenário, é possível que formuladores invistam recursos financeiros em ingredientes que são ricos em nutrientes, mas que não serão aproveitados por não serem digeridos pelos animais . Sendo assim, a única maneira de garantir que os nutrientes adicionados ao produto serão verdadeiramente absorvidos é conhecendo e priorizando a qualidade e digestibilidade de cada elemento.

Principais fatores que afetam a digestibilidade

A digestibilidade na nutrição animal pode variar de acordo com o tipo de alimento, matéria-prima utilizada ou até mesmo de acordo com o animal que consumirá a ração. De acordo com o International Journal Of Agriculture & Biology, alguns dos fatores que mais impactam a eficiência da digestão animal são:

Consumo de ração

A quantidade de ração consumida pode afetar a digestibilidade em relação ao consumo em grandes quantidades ou em porções restritas ao longo do dia. Quando o animal se alimenta de maneira frequente e com alto volume, a digestão é afetada devido ao menor tempo de retenção dos alimentos no trato digestivo. 

Tamanho das partículas

O tamanho dos farelos ou dos grãos de ração também podem influenciar a digestibilidade na nutrição animal. O estudo "Diferentes graus de moagem em dietas para cães" da UFSM, de 2009, mostra que partículas muito finas podem acelerar o processo de passagem do alimento no trato digestivo, fazendo com que os nutrientes sejam menos aproveitados pela baixa absorção. 

No entanto, vale a pena ressaltar que o tamanho ideal das partículas também pode variar de acordo com a espécie e a idade dos animais, sendo necessário buscar recomendações específicas para cada formulação e objetivo comercial.

Composição química

A composição química da ração ou do alimento animal é um dos fatores que mais influenciam a digestibilidade. Isso porque, ainda de acordo com a publicação do International Journal of Agriculture & Biology, a composição química de cada alimento animal pode conter quantidades diversas de materiais que podem reduzir a eficiência das enzimas digestivas.

Por outro lado, a composição química ideal pode melhorar a digestibilidade através da adição de proteínas e/ou carboidratos solúveis, como as proteínas isoladas.

Processamento do alimento

O processamento do alimento pode influenciar não só na digestibilidade, como também na palatabilidade da ração. As mudanças na forma física podem tornar o alimento mais ou menos atrativo para os animais, além de alterar fatores como textura, granulometria e tamanho de partículas.

Idade

A idade dos animais influencia diretamente na relação deles com a comida e com a capacidade de digerir certos alimentos. Animais muito novos ou muito velhos apresentam necessidades especiais em relação a textura e composição nutricional, pois o sistema digestivo se comporta de maneira diferente nessas fases.

Para melhorar a eficiência da digestibilidade na nutrição animal, o ideal é escolher ingredientes específicos para formulação de ração para filhotes e adultos, buscando sempre melhorar a absorção de nutrientes e garantir uma boa palatabilidade.

A importância de associar a digestibilidade com a palatabilidade

Em resumo, a palatabilidade se refere à atratividade de um alimento para o animal em questão. Sendo assim, precisam ser analisados e aprimorados fatores como sabor, textura, aparência e cheiro.

Não há vantagens em oferecer uma ração rica em nutrientes e com boa digestibilidade ao animal se ele se recusar a comer por não gostar de alguma característica do alimento. Esse comportamento fará com que o animal fique fraco, apresente deficiências e leve o dono ou criador a buscar outras opções.

Por isso, para se fortalecer no mercado e ser uma empresa formuladora de autoridade e boa aceitação, é essencial cuidar e garantir a qualidade em aspectos como valor nutricional, digestibilidade e palatabilidade.

Ingredientes que aumentam a digestibilidade na nutrição animal

Farinha de vísceras de aves

Por ser rica em aminoácidos essenciais e em minerais como fósforo e cálcio, a farinha de vísceras de aves é uma ótima opção para formular rações com custo acessível e boa palatabilidade. O uso desse ingrediente apresenta grande eficiência como matéria-prima em rações para suínos, aqua e pets. 

No mercado, existem ingredientes que se destacam pela sua eficiência e processo de fabricação. Um exemplo disso é a  Farinha de Vísceras de Aves que é produzida através da cocção, prensagem e moagem de retalhos de carne, vísceras de aves, miúdos e cartilagens. Esses materiais são processados poucas horas após a extração, o que garante uma matéria-prima fresca e com alta qualidade.

Em relação a digestibilidade, a Farinha de Vísceras de Aves Standard apresenta uma taxa mínima de 64% em testes com 0,02% de pepsina. Em relação à proteína bruta, a Standard tem índices entre 56% e 60%

Outra opção eficaz de Farinha de Vísceras de Aves é a do tipo Low Ash. Como diferencial, a farinha Low Ash apresenta um menor teor de cinzas e um maior teor de proteína bruta. Nesse caso, os índices variam entre 64% e 73%.

Farinha de torresmo (proteína isolada de suíno)

A farinha de torresmo tem como destaque benefícios como alto teor de proteína, alta palatabilidade e alta digestibilidade. Em uma farinha de qualidade, a proteína isolada de suíno garante ao material pelo menos 80% de proteína bruta.

O processo de fabricação da farinha é feito através da cocção, prensagem e moagem da pele suína in natura. Além da alta palatabilidade natural oferecida aos animais, esse ingrediente também garante uma taxa de digestibilidade de no mínimo 90% em testes com 0,02% de pepsina. A farinha de torresmo pode ser usada como ingrediente chave para formular rações para pets.

Farinha de pena / Farinha de pena e sangue

As farinhas de pena e de pena e sangue são produtos proteicos que podem ser usados como ingredientes na formulação de ração. Por ter um custo reduzido, podem substituir outros que apresentam a mesma eficiência e custos mais elevados.

Apesar de apresentar grande índice de queratina, o que pode dar a ideia de baixa digestibilidade, é importante considerar que as penas passam por um processo de cocção sob pressão e prensagem, o que modifica a estrutura da queratina presente. Após o processamento, as proteínas e aminoácidos do produto se tornam mais disponíveis para a absorção pelo organismo animal, principalmente na criação e nutrição aqua.

As farinhas de pena podem ser usadas na nutrição aqua, suína e pet. Com um material de alta qualidade, é possível contar com uma matéria-prima fresca, além de um controle rigoroso da cadeia produtiva para monitorar a segurança alimentar dos ingredientes.

Proteína Hidrolisada de Frango

Proteínas com maior valor biológico possuem maior quantidade de aminoácidos essenciais. Na proteína hidrolisada de frango, é realizado um processo de hidrólise enzimática que gera cadeias menores de aminoácidos, chamados peptídeos bioativos. Com peso molecular de 90% abaixo de 2000 Da, elas auxiliam a digestão e a absorção mais rápidas, melhorando o funcionamento do trato gastrointestinal.

Esse processo melhora a absorção dos nutrientes pelo organismo animal e o desempenho das rações, podendo ser usado na formulação de alimentação para pets, suínos e aqua. Existem no mercado proteínas hidrolisadas de frango de alta qualidade, que possuem como destaque 75% de proteína bruta, digestibilidade mínima de 90% e baixa presença de cinzas. 

Além disso, essas proteínas hidrolisadas de frango também apresentam uma alta palatabilidade. De acordo com estudos realizados, o uso desse ingrediente na aquicultura pode melhorar a conversão e a taxa de sobrevivência dos animais, além de diminuir a poluição da água. Rações mais palatáveis, por serem mais atrativas, resultam em um maior consumo por parte dos animais, resultando ainda em diversos benefícios funcionais.

Conclusão

Para que um alimento formulado tenha sucesso no mercado, é imprescindível que ele ofereça resultados, principalmente quando se trata da nutrição, desenvolvimento, saúde e crescimento de animais. 

Nesse cenário, investir em ingredientes que ofereçam uma boa digestibilidade associada à palatabilidade é uma das alternativas para assegurar a qualidade da ração e alcançar os objetivos desejados, seja na criação doméstica ou comercial.

Manter-se atualizado em relação às inovações de mercado é fundamental para poder realizar possíveis substituições que agreguem valor ao produto final e reduzam os custos de produção.

Ao analisar esses fatores e fazer os investimentos certos, as empresas formuladoras podem otimizar a produção, elevar a qualidade e a produtividade e melhorar a rentabilidade de seus produtos, além de se fortalecer no mercado.

Em relação aos animais, investir na digestibilidade na nutrição animal garantirá melhor desempenho produtivo em aqua e suínos, além de proteção da saúde e do bem-estar para os pets.