Data: 29/07/2019

O sabor de um alimento é uma das principais características que determinam nossa escolha de compra. Muitas vezes, deixamos de consumir produtos extremamente nutritivos pelo fato de não possuírem características sensoriais agradáveis.

Assim como nós, os animais também levam em consideração características como sabor e aroma na hora de se alimentar. Esta característica é conhecida como palatabilidade.

Existem diversas formas de se estudar este parâmetro durante o desenvolvimento de uma formulação pet. Este tipo de análise é uma poderosa ferramenta que possui a capacidade de nos ajudar a chegar ao tipo de fórmula que mais agrada o nosso público-alvo.

Assim como a palatabilidade, a digestibilidade também é uma característica à qual o formulador de P&D deve estar atento ao desenvolver alimentos pet. Além de saborosos, os mesmos precisam possuir nutrientes biodisponíveis para que os pets tenham um desenvolvimento saudável.

Formulações que aliem palatabilidade e digestibilidade vão de encontro à demanda atual do mercado pet, que em 2017 movimentou uma quantia de 25 bilhões de reais no Brasil, 7% a mais do que no ano anterior, mostrando o grande potencial deste segmento.

Neste post, discutiremos sobre como a palatabilidade afeta a formulação de produtos pet, conheceremos alguns dos testes utilizados nas empresas para medir esta característica e aprenderemos algumas formas de melhorar os aspectos palatáveis das formulações pet.

Palatabilidade: conceito e medição

A palatabilidade pode ser definida como a aceitação de um alimento por parte de um pet no que diz respeito aos aspectos de odor, sabor e textura.

Esta característica afetará diretamente o tipo de relação que o animal terá com seu alimento. Em alguns casos, quando as características sensoriais não são aprovadas pelo pet, o mesmo pode se recusar a comer, afetando o seu peso e levando o seu dono a trocar de marca.

Por este exemplo já foi possível perceber que a palatabilidade possui uma influência significativa nas vendas de pet food. O comportamento do animal com relação à formulação ditará a compra ou não de determinado produto por parte de seu dono.

Existem diversas formas para se medir este parâmetro e elas geralmente envolvem o estudo de como o animal se comportará diante do produto recém-formulado.

A medida da Primeira Opção tem como foco analisar o odor do alimento. O olfato dos animais, principalmente dos cães, é extremamente apurado. Portanto, este parâmetro é o primeiro que atrai o pet para o alimento.

Neste teste, formulações diferentes são dispostas no ambiente onde os pets participantes se encontram e observa-se qual formulação será a primeira a atrair a atenção do animal.

Já a Taxa de Ingestão medirá o sabor do alimento. Neste método, o volume total da formulação ingerida pelo animal será dividida pelo consumo geral.

Por exemplo, se o pet ingeriu 600g de ração no total, das quais 300g correspondiam à ração testada, a taxa de ingestão seria de 50%.

Uma terceira medida, a Taxa de Consumo engloba todas as características de palatabilidade do alimento: odor, sabor e textura.

Neste método, é analisada a preferência por uma fórmula em detrimento de outras. É um teste muito usado quando se deseja formular um produto que seja superior ao da marca líder no mercado, denominado como o controle.

Para calcular a taxa de consumo, mede-se a quantidade ingerida pelo animal, tanto da marca testada quanto da marca controle, e calcula-se um índice que ditará o quanto a nova formulação foi preferida pelos pets participantes.

É preciso ressaltar que as condições destes testes podem variar de empresa para empresa. Variáveis como o número e a raça dos animais usados e até mesmo a região de onde os mesmos são provenientes podem afetar o resultado final das medidas.

A importância da digestibilidade aliada à palatabilidade

Tão importante quanto a palatabilidade de uma pet food é a sua composição nutricional. O alimento destinado ao pet deve possuir todos os nutrientes essenciais para o desenvolvimento saudável do mesmo.

Porém, não basta o alimento conter um alto teor de nutrientes. Estes também devem possuir a capacidade de serem absorvidos pelo organismo do animal e estarem disponíveis nos tecidos e órgãos para que sejam apropriadamente utilizados para as funções vitais.

A digestibilidade pode ser medida com testes laboratoriais. Nestes, o animal é alimentado com a formulação testada e a matéria não-digerida, presente nas fezes, é analisada.

Com esta medida é possível conhecer o teor de nutrientes que não são utilizados pelo organismo do animal. Portanto, um menor volume de fezes demonstra alta digestibilidade do alimento.

Alguns fatores afetam a digestibilidade de uma pet food. São eles:

  • Fórmula: o tipo e a quantidade dos diferentes ingredientes que compõem o produto carregam consigo os mais diversos nutrientes. Cada um destes nutrientes possui uma característica diferente de absorção e disponibilidade.
  • Qualidade dos ingredientes: aqueles de melhor qualidade tendem a ser melhor digeridos. Proteínas de baixa qualidade, alto teor de cinzas, certos tipos de fibra dietética e presença de fitato são fatores que diminuem a digestibilidade da formulação pet.
  • Processamento: deve ser adequado, uma vez que as condições de tratamento, assim como a forma de armazenamento afetam a digestibilidade. Temperaturas muito altas, por exemplo, podem tornar alguns nutrientes indisponíveis para serem utilizados pelo organismo.

Dessa forma, é possível perceber que a escolha dos ingredientes de uma formulação deve levar em conta tanto as característica sensoriais, para despertar o paladar do animal, quanto a qualidade e disponibilidade dos nutrientes para que a saúde do mesmo não seja prejudicada.

Palatantes para pet food

A palatabilidade das pet foods é influenciada tanto pela qualidade das matérias-primas e ingredientes quanto pelo uso de palatantes.

Os palatantes são um tipo de ingrediente usado com a função específica de melhorar as característica de sabor, aroma e textura do produto.

Geralmente, os alimentos secos, como rações, requerem um maior uso de palatantes, já que os líquidos são naturalmente mais palatáveis devido à presença de umidade.

Os palatantes podem vir tanto na forma em pó quanto na forma líquida e são mais utilizados para alimentos voltados a cães e gatos.

As fontes de obtenção dos palatantes podem ser tanto vegetais quanto animais e incluem proteínas, leveduras, fosfatos, antioxidantes, antimicrobianos, dentre outros compostos.

As proteínas são um dos principais componentes dos palatantes, sendo que aquelas extraídas de fontes animais podem ser originárias de carne de frango, porco ou peixe e aquelas extraídas de fontes vegetais podem ser obtidas de milho, soja, batata, dentre outros.

Também é necessário mencionar que, baseado na qualidade, existem basicamente três níveis de palatantes: econômicos, mid-level e premium.

Como é de se esperar, os palatentes premium possuem um custo mais elevado, porém, este pode ser compensado pelo desenvolvimento de uma pet food com alta palatabilidade, refletindo-se em um aumento de vendas.

A proteína hidrolisada de frango, já disponível no mercado de ingredientes para nutrição pet, é um exemplo de ingrediente premium natural que, entre outras diversas funções, também possui propriedade palatante.

Este ingrediente é produzido por hidrólise enzimática, o que garante a presença de peptídeos bioativos. Além disso, o mesmo possui alto teor de proteína bruta e elevada digestibilidade. Dessa forma, garante mais energia e nutrientes ao pet e diminui o volume de fezes, já que os nutrientes são bem aproveitados pelo organismo.

Ao se formular alimentos pet, é de fundamental importância escolher cuidadosamente os fornecedores de matéria-prima e ingredientes (principalmente palatantes, neste caso). Deve-se procurar fornecedores que possuam conhecimento na área de pet food e que estejam alinhados aos conceitos de palatabilidade e digestibilidade, garantindo, desta forma, a formulação de um produto de sucesso.

Conclusão

A palatabilidade, aliada à digestibilidade, são parâmetros fundamentais para a aceitação de uma pet food. Estas características podem ser incorporadas às formulações através do uso de ingredientes específicos, de alta qualidade e fornecidos por empresas que tenham o know-how necessário sobre alimentação animal.

Os palatantes de origem proteica, produzidos por hidrólise enzimática, além proporcionar sabor e odor, possuem uma série de peptídeos bioativos que contribuem para a saúde e bem estar do pet.

A medida da palatabilidade e da digestibilidade de um produto pet são ferramentas que facilitam o trabalho dos formuladores de P&D, uma vez que fornecem dados com os quais é possível inferir o que deve ser ajustado nas formulações.