Data: 15/07/2019

Uma fábrica integrada, onde todos os setores conversam entre si e os dados gerados são usados de forma sistêmica.

Linhas de processo completamente automatizadas, onde os colaboradores precisam apenas operar painéis de controle para que ocorra a transformação da matéria-prima em produto final.

Um departamento de P&D onde impressoras 3D simulam a forma final de novas formulações. Há alguns anos atrás, todas essas descrições poderiam facilmente serem usadas para descrever o cenário de um filme futurista. 

Hoje em dia, porém, tudo isso e muito mais já pode fazer parte da realidade do setor alimentício devido ao rápido avanço da tecnologia.

Saber usar as ferramentas tecnológicas a nosso favor se tornou um fator de competitividade. Sai na frente quem consegue armazenar mais dados e, ainda mais importante do que isso, criar planos de ação e estratégias a partir da análise destes dados.

O setor de alimentos, no geral, está em um processo rápido de transformação. Acompanhar tantas novidades e entender como as mesmas funcionam pode ser uma tarefa árdua. Por isso mesmo, chegou a hora de respirar fundo e tentar entender o que todas essas mudanças podem acarretar na prática.

Checklists digitais: muito mais que uma simples lista de tarefas

Os checklists são muito comuns no ramo de serviços alimentares, ou food services. A utilização destas listas ajuda desde o planejamento de ferramentas de controle da qualidade, como na análise de perigos e pontos críticos de controle (HACCP), passando por treinamentos da equipe até questões da administração do negócio.

Muitos negócios ainda utilizam checklists em papel, que são facilmente submetidos a erros humanos e podem ser destruídos ou perdidos, gerando transtornos e até mesmo prejuízos.

A boa notícia é que este tipo de checklist pode ser facilmente substituído por checklists digitais. Com esta mudança, é possível acessar múltiplas checklists em uma mesma plataforma, aumentar a eficiência, melhorar o controle administrativo, reduzir erros e diminuir o uso de papel.

Outra vantagem é que todos os membros da equipe podem ter acesso às checklists de uma forma fácil e com uma interface agradável.

Existe um número grande de aplicativos de checklists, sejam eles gratuitos ou pagos. Portanto, é preciso procurar por aquele que irá atender às necessidades específicas do negócio.

De forma geral, é sempre bom se ter em mente preceitos básicos que este tipo de aplicativo deve atender ao fazer esta busca.

O primeiro deles é a facilidade de uso. Essa é uma regra básica que, se não seguida, contradiz todo o propósito de se ter uma checklist virtual. É preciso que todos os colaboradores que irão consultar as checklists consigam acessá-la e usá-la sem problemas, independentemente do nível de instrução da pessoa.

Outro ponto importante é que o sistema da checklist ajude a identificar erros que estejam acontecendo e sugira formas de contorná-los. Por exemplo, dentro da food industry, o sistema pode apontar quando algum dos insumos necessários para a produção estão perto da data de validade. O que evitaria o desperdício.

Também é ideal que a checklist limite o acesso para que modificações sejam feitas. Este tipo de ação ajuda a combater fraudes e a se ter um maior controle sobre as ações que estão sendo tomadas.

Por último, é interessante que a checklist permita o acesso remoto aos dados e que envie notificações em tempo real, seja por ações que foram completadas ou sobre problemas que estão ocorrendo naquele exato momento.

IoT: integrando sistemas para impactar a qualidade

A internet das coisas, ou IoT (internet of things), pode ser definida como a rede de dispositivos que reúne e transmite dados via internet.

Mas como essa definição tão ampla afeta a indústria de alimentos na prática?

Uma das maiores preocupações do setor alimentício, se não a maior, é a questão da segurança dos alimentos. Para diminuir os riscos de epidemias causadas por toxinfecções alimentares, existem diferentes tipos de sensores para monitorar os estágios de produção essenciais, tempo de entrega e temperatura.

Esses sensores podem ser combinados aos checklists digitais, principalmente para o HACCP, aumentando consideravelmente a eficácia deste tipo de controle.

O uso de sensores também pode ajudar no controle da qualidade em tempo real. Por exemplo, alguns desses sensores podem inspecionar continuamente cor e textura do produto, o que ajuda a identificar imprecisões de forma imediata.

Produzido o alimento, é hora de distribuí-lo. A logística pode ser uma das áreas mais complexas de uma empresa de alimentos devido à perecibilidade dos produtos.

É aqui que as tecnologias de GPS e RFID entram em cena. Este último, inclusive, é a mesma tecnologia por trás dos sensores que liberam pedágios e dos sistemas antifurto de diversas lojas.

Com essas duas tecnologias trabalhando em conjunto, é possível monitorar toda a cadeia de distribuição.

Estes dispositivos também permitem que as empresas rastreiem as preferências de seus clientes para atenderem melhor as demandas de mercado.

Outra questão importante bastante típica da atualidade é a exigência de transparência por parte dos consumidores . A rastreabilidade de ingredientes e produtos pode ser uma das saídas para suprimir este tipo de demanda.

Dessa forma, não só a empresa pode rastrear toda a cadeia produtiva, mas também o consumidor final, estreitando as relações entre produtores, indústrias e seus públicos-alvo.

Pensando em aspectos de sustentabilidade, a internet das coisas também pode atuar monitorando o estado dos produtos sendo comercializados para evitar desperdícios e geração de grandes quantidades de resíduo.

Inteligência artificial na food industry

Através da inteligência artificial (IA), o aprendizado de máquina (machine learning) torna possível que computadores aprendam com a experiência e analisem dados de forma a conduzir tarefas humanas com um grau mais elevado de precisão e eficiência.

A IA também encontra utilizações muito interessantes na área de alimentosPense em uma fábrica de processados. Ao chegar a matéria-prima, é preciso que diversos colaboradores façam uma triagem manual do que está apto a ser processado ou não.

No mercado norte-americano, a TOMRA desenvolveu soluções baseadas em sensores óticos para fazer este tipo de separação através do uso de inteligência artificial. São usados câmeras e sensores de infravermelho para separar os alimentos baseados naquilo que é aceitável para os consumidores.

Já na administração da cadeia de suprimentos, a inteligência artificial pode ser usada para monitorar a segurança dos alimentos e a análise dos produtos em cada etapa da cadeia. Também pode ser usada para monitorar preços e estoques, além da questão do rastreamento de produtos como já abordamos aqui.

Até mesmo o departamento de P&D pode se beneficiar do uso de inteligência artificial.

Já é possível usar o machine learning aliado a algoritmos preditivos para modelar as preferências de sabor e odor dos consumidores e predizer como os mesmos responderão a novos sabores. Estes dados podem ser segmentados em grupos demográficos para ajudar as empresas no desenvolvimento de novas formulações que irão agradar seus públicos-alvo.

Conclusão

A tecnologia pode ser uma aliada fundamental do setor alimentício. O uso de ferramentas como machine learning e checklists digitais ajudam no ganho de eficiência, na diminuição de erros e no aumento de produtividade tanto de empresas quanto de negócios do ramo da food industry.

É importante sempre estar atualizado e bem informado em relação a estas tecnologias, além de tentar aplicá-las de acordo com a capacidade, o orçamento disponível e as necessidades de cada negócio.