Data: 25/10/2022
A atratividade e palatabilidade de rações para camarões são fatores de extrema importância para uma nutrição de qualidade, já que além de oferecer uma ração com formulação equilibrada que atenda todas às exigências nutricionais da espécie, é necessário que o alimento seja palatável e atrativo para o animal. Pois, em caso que não haja aceitação do alimento por parte dos crustáceos, o consumo corre risco de ser reduzido, o que acarreta, consequentemente, em uma deficiência nutricional, logo, em danos ao crescimento da espécie. Esses fatores, responsáveis pela procura e pelo comportamento alimentar são importantes para todos os organismos aquáticos de criação, sobretudo para espécies que são mais seletivas na alimentação.
É notório que alimentos mais palatáveis são também mais atrativos e, por consequência, têm maior consumo pelos animais. Contudo, o inverso também é válido. Quando a ração não é palatável, o consumo é reduzido, o que tende a afetar o crescimento pleno dos camarões, piorando as características zootécnicas. Além disso, as sobras das rações não digeridas podem impactar com os resíduos a qualidade da água de cultivo.
Quando falamos de camarões, a questão da palatabilidade e atratividade é ainda mais relevante, considerando que esses animais utilizam a quimiorrecepção e a detecção de produtos químicos transmitidos pela água para explorar o ambiente, o que fornece a esses animais uma ampla gama de informações que influenciam uma série de comportamentos, dentre eles, o alimentar.
Com relação a busca e localização dos alimentos em particular, a presença de determinadas substâncias químicas na ração pode estimular diferentes fases do comportamento alimentar dos camarões, como detecção, busca e ingestão. Dessa forma é fundamental que o nutricionista responsável pela formulação de rações para camarões leve em consideração a escolha de ingredientes quimicamente atraentes e inclua pistas químicas específicas para serem rapidamente reconhecidas como fonte de alimento e, assim, iniciar o comportamento alimentar dos camarões.
Assim sendo, abordaremos neste artigo a influência da palatabilidade das dietas sobre o consumo de camarões e o consequente aproveitamento dos nutrientes das rações. Além disso, será apresentado o emprego de alguns ingredientes que podem aumentar a palatabilidade dos alimentos e, com isso, auxiliar no manejo alimentar na carcinicultura.
Alimentação e nutrição de camarões
A alimentação para aquicultura deve apresentar uma composição nutricional equilibrada e atrativa para os animais. Porém, o teor de proteínas, lipídios e amido dos alimentos é relativo. Isso acontece não apenas em função das espécies e do seu ciclo de vida, mas, também, em relação a fatores como o local de criação dos animais e restrições ambientais, por exemplo.
Quando falamos da alimentação de camarões, uma das dificuldades é definir o manejo alimentar adequado, ou seja, em que momento e qual a quantidade de ração oferecer. Nas operações de cultivo, as rações podem ser ministradas exclusivamente em bandejas de alimentação que são imersas na água e inspecionadas após um certo período, permitindo estimativas do consumo alimentar da população cultivada.
Nesse sentido, quando o manejo alimentar não é adequado, ou quando a ração é de baixa qualidade, pode ocorrer um excesso na quantidade de alimento, o que se traduz em perdas econômicas, redução das taxas de crescimento, bem como redução na qualidade da água. Uma inclusão excessiva de rações aos camarões pode acarretar também no surgimento de patógenos e levar a criação à mortalidade.
Assim, o uso inadequado de rações não consumidas na carcinicultura pode gerar acúmulo de resíduos no fundo do viveiro. Isso poderá estimular a multiplicação de fitoplâncton na água e uma maior atividade bacteriana que, por sua vez, tenderá a aumentar as taxas de consumo de oxigênio, reduzindo a capacidade de suporte do tanque. Além disso, os processos de degradação da matéria orgânica da ração excedente no viveiro irá limitar a absorção de nutrientes pelos animais e levar a eutrofização do meio ambiente de criação e adjacente. Ou seja, diante do anteposto, fica clara a necessidade de os produtores encontrar um alimento que tenha alta palatabilidade e atratividade pensando em termos de consumo adequado e suas especificidades e consequências, assim como o retorno produtivo a ser atingido.
Em relação a parte proteica, os camarões são animais altamente exigentes devido ao seu metabolismo necessitar em torno de 70% das proteínas (Soares, 2019). O aspecto mais diferenciado da composição nitrogenada dos crustáceos é a presença de altas concentrações de aminoácidos livres em todo o organismo, várias vezes superior a encontrada nos vertebrados, sendo que predominam a glicina, prolina, alanina e arginina. Dessa forma, é fundamental que os ingredientes proteicos utilizados nas rações para camarões sejam de alta qualidade, tanto quanto a sua composição química e nutricional, quanto aos aspectos organolépticos, como sua palatabilidade.
Ingredientes palatáveis e atrativos para rações de camarões
Em rações comerciais para organismos aquáticos, convencionalmente, a farinha de peixe tem sido a base proteica, fornecendo cerca de 50% da proteína total, devido aos seus componentes nutricionais e alta palatabilidade. Porém, a farinha de peixe é cada vez mais um ingrediente de alto custo econômico e ambiental.
Com o aumento do custo para aquisição desse ingrediente e pela baixa disponibilidade no mercado, a busca por ingredientes proteicos alternativos para a aquicultura que consigam manter os níveis proteicos, a alta palatabilidade, os resultados satisfatórios de crescimento e as melhorias dos índices zootécnicos dos crustáceos é um desafio para os nutricionistas e produtores.
Em paralelo, o foco da indústria de rações está em encontrar outras opções de ingredientes que sejam mais acessíveis. Possibilidades de novos elementos mais econômicos e com maior disponibilidade e padronização ao longo de todo um ano, visando a redução de custos e o aumento da lucratividade da atividade.
Diversos alimentos proteicos podem ser utilizados como alternativa para a farinha de peixe na formulação de rações para camarões. Para o sustento de fontes proteicas, o principal alimento é a soja e seus derivados, especialmente o farelo de soja. Enquanto para as fontes animais, geralmente são formadas de farinhas ou produtos processados resultantes de coprodutos de abate de animais, como a farinha de carne e ossos, farinha de sangue, farinha de vísceras de aves, silagem de pescado, entre outros. Dentro dessa gama de alimentos, atualmente, os hidrolisados proteicos estão ganhando evidência nas pesquisas e na indústria devido aos resultados positivos de sua inclusão nas dietas animais.
Pesquisas científicas recentes demonstram que os coprodutos do abate de frangos são alternativas viáveis e interessantes em função da sua alta disponibilidade no mercado e um melhor custo-benefício. Além disso, são produtos com proteína altamente digeríveis, ricas em aminoácidos, minerais e vitaminas. A utilização desses alimentos processados a partir de resíduos de abate de aves é vantajoso do ponto de vista da sustentabilidade e do valor agregado aos coprodutos utilizados em sua composição, dentro de uma cadeia produtiva integrada que prima pela qualidade, eficiência e cuidado ao meio ambiente por reaproveitar vísceras e miúdos, criando uma ração rica nutricionalmente.
Proteínas hidrolisadas como alternativa para carcinicultura
Os hidrolisados proteicos apresentam propriedades funcionais que garantem às rações melhor aparência, textura, sabor e conveniência. Os peptídeos bioativos contidos nos hidrolisados proteicos podem melhorar a absorção do ingrediente no qual estão inseridos, além de beneficiar o sistema imune e a atividade antioxidante, contribuindo para um desenvolvimento saudável e aumentando a taxa de sobrevivência do animal.
Por meio de uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), observou-se que o hidrolisado proteico de subprodutos de frango e fígado suíno é uma excelente fonte de proteína para alimentação do camarão marinho L. vannamei, podendo ser adicionado em menores concentrações na dieta dos crustáceos — até 25% de substituição — para favorecer um melhor desempenho zootécnico da espécie.
Uma das soluções encontradas pelo mercado de Animal Nutrition é a Proteína Hidrolisada de Frango (PHF) BioActio Health & Performance de BRF Ingredients, que tem um alto valor biológico, rica em peptídeos bioativos que favorecem uma maior digestibilidade, e, por isso, é uma alternativa para a nutrição na aquicultura devido os seus resultados cientificamente comprovados, bem como por seu custo-benefício entre valor agregado aos animais de cultivo e o retorno de investimento para produtores.
A Proteína Hidrolisada de Frango BioActio Health & Performance BRF Ingredients apresenta diversas vantagens para camarões, oferecendo melhora na conversão alimentar e na taxa de sobrevivência, proporcionando um elevado conteúdo proteico, com perfil equilibrado de aminoácidos e alta atratividade por ser um ingrediente palatável.
Além disso, as proteínas hidrolisadas de coprodutos de frangos já demonstraram melhorar as taxas de digestibilidade dos animais de cultivo. E, nessa direção, são uma boa alternativa para alimentos proteicos convencionais para dietas de peixes, sendo a Proteína Hidrolisada de Frango BioActio Health & Performance um ingrediente capaz de potencializar as rações na aquicultura.
Em teste realizado em parceria entre a BRF Ingredients e a Universidade Vietnamita constatou-se que a inclusão da Proteína Hidrolisada de Frango BioAcito Health & Performance BRF Ingredients na dieta dos camarões resultou em um aumento de 4% no peso final, uma melhora de 8% na taxa de conversão alimentar e 6% de produtividade, o que representa uma melhora no desempenho do camarão. Além disso, nas fases iniciais dos camarões, a ingestão de BioActio Health & Performance aumentou a taxa de sobrevivência dos crustáceos.
Portanto, a padronização dos processos de hidrólise e dos produtos proteicos hidrolisados devem ser alcançados para que os resultados do uso desses produtos na nutrição animal sejam replicáveis. Sendo assim, hidrolisados proteicos de empresas líderes no mercado como a BRF Ingredients, que atua com o objetivo de gerar valor aos coprodutos, manter um alto nível de controle de qualidade de sua matéria-prima e dos processos realizados nessas fontes proteicas, podem oferecer produtos de maior qualidade, eficácia e custo-benefício ao mercado de Animal Nutrition.
Resultados importantes de pesquisa e desenvolvimento já foram realizados e ratificam que a utilização da Proteína Hidrolisada de Frango (PHF) BioActio Health & Performance na nutrição animal eleva os níveis zootécnicos de camarões e tilápias com a inclusão das proteínas hidrolisadas na dieta dos animais nas diferentes fases de vida.
Conclusão
A nutrição de camarões é um dos desafios na carcinicultura, tendo em vista as exigências nutricionais das espécies de crustáceos cultivadas e as necessidades relacionadas aos fatores de atratividade e palatabilidade dos alimentos. Isso porque o comportamento alimentar dos camarões precisa ser estimulado nos quimiorreceptores para que exerça a ação de busca e consumo de alimento. Assim, a palatabilidade e atratividade da ração são fatores limitantes em dietas para camarões.
Em virtude dos fatos mencionados, é possível observar que a busca por alimentos proteicos alternativos a farinha de peixe resultou no estabelecimento dos hidrolisados proteicos de origem animal como fontes alternativas para alimentação de organismos aquáticos. Por serem alimentos altamente digestíveis e ricos nutricionalmente, mas, também, por serem atrativos e palatáveis, a Proteína Hidrolisada de Frango pode ser uma opção na formulação de alimentos e rações animais.
Dentre as proteínas hidrolisadas, a Proteína Hidrolisada de Frango BioActio Health & Performance é uma ração que proporciona benefícios cientificamente comprovados além de ser rica em peptídeos bioativos. A utilização da PHF de BRF Ingredients já demonstrou melhorar o metabolismo e a taxa de sobrevivência, assim como favorecer a manutenção da saúde dos animais aquáticos, além de ser um ingrediente produzido por meio da hidrólise enzimática de resíduos do abate de frangos, possibilitando um melhor aproveitamento dos coprodutos animais e, consequentemente, a alavancagem da economia circular.