Data: 11/03/2019

O setor de pesquisa e desenvolvimento de uma empresa é o cerne da inovação. Local onde pulsam as novas ideias e os planos estratégicos para conceber produtos mais alinhados com a necessidade do mercado e com as exigências dos consumidores.

Diante da necessidade de se criar, juntamente com os cuidados envolvidos nessa operação, surgem as necessidades da adoção de alguns procedimentos industriais que otimizam e certificam o trabalho de P&D.

Estamos falando da aplicação de testes de bancada, de plantas-piloto e industriais. Todos esses procedimentos são base para a criação de produtos seguros e que tenham a qualidade esperada pelos gestores da empresa e pelo mercado consumidor.

A partir de agora, você terá a oportunidade de conhecer mais sobre os testes mencionados acima e como eles são fundamentais para a Pesquisa e Desenvolvimento de produtos na indústria de alimentos.

1. Testes de bancada

São considerados testes de bancada as experimentações realizadas com equipamentos mais simples e que são distantes da realidade aplicada na escala industrial de produção.

A capacidade analítica do produto é confiável, porém, esse tipo de teste não insere os fatores envolvidos na produção em massa.

O que define muito bem o conceito de teste de bancada é a quantidade de matéria prima utilizada durante o teste. Se for uma pequena quantidade, trata-se de um teste de bancada. Esse tipo de teste é bastante eficaz perante os seguintes cenários:

Protótipos rápidos

Quando a empresa ainda está engatinhando com um novo projeto e pretende fazer experimentações constantes. A velocidade é o principal objetivo nesse tipo de teste, portanto, ele é feito em escalas reduzidas e longe da realidade industrial.

Os testes de bancada servem muito bem para averiguar a condução da equipe de desenvolvimento frente ao briefing recebido.

Ajustes em fórmulas iniciais


Os testes mais simples, como os de bancada, já são suficientes para apontar problemas na formulação inicial de um produto. Ajustes de cor, textura, acidez, teor de sal ou açúcar já podem ser detectados e aplicados com o uso dos testes de bancada.

Observação de funcionalidades


As observações das funcionalidades tangenciam aspectos básicos do produto, como sabor, palatabilidade, textura e aparência. Em um teste de bancada, a equipe de P&D já é capaz de analisar boa parte desses pontos. A próxima etapa de desenvolvimento de um produto só se inicia após a confirmação de que as funcionalidades esperadas foram atingidas.

2. Testes em planta-piloto


Os testes realizados em planta-piloto diferem dos testes de bancada por um fator bastante importante: eles reproduzem, mesmo que em escala reduzida, a produção e os processos envolvidos nela, assim como as ferramentas utilizadas.

Resumindo, é como se fosse feita uma espécie de “maquete” do modelo de produção, no qual os especialistas analisam como o produto se comporta dentro deste processo.

Atenção: os testes em planta-piloto demandam o uso de equipamentos e processos semelhantes, portanto, não se trata apenas de um teste de bancada mais produzido.

Para ser considerado um teste de planta-piloto, é necessário reduzir a escala, porém, sem grandes desvios na forma de produzir.

Os principais ganhos que a empresa tem com os testes em planta-piloto são:

Refino e definição de processos


Ao utilizar um simulacro da produção industrial, a empresa pode avaliar como estão definidos os processos de produção e se há ajustes a serem feitos para otimizar a cadeia de produção.

A planta-piloto concede flexibilidade de teste para as condições de processo e o impacto deles nas funcionalidades básicas do produto.

“Estresse do produto”


Com a reprodução do modelo industrial, a empresa pode averiguar a capacidade de estresse do produto, ou seja, as condições de produção quando os processos estão próximos ao seu limite. Esse tipo de análise serve para conferir a estabilidade do produto e se há mudanças na funcionalidade quando a escala de produção está próxima do máximo e como ele se comporta em casos extremos ou emergenciais na linha de produção.

Realização de testes em protótipos mais desenvolvidos


Se a bancada é lugar ideal para testes em protótipos que estão engatinhando em sua concepção, a planta-piloto permite o teste para protótipos em avançado teste de produção. Já são englobadas todas ou quase todas as funcionalidades esperadas no produto, o que ajuda a ampliar o realismo envolvido nos testes.

Vai ser na análise da planta piloto que a equipe de P&D poderá analisar a viabilidade do projeto em todas as suas esferas.

Análise de funcionalidades estendidas


Já que a planta-piloto está próxima da realidade industrial, os testes realizados ali também funcionam para averiguar as funcionalidades estendidas do produto em análise.

Pode-se testar se haverá problemas como separação de gordura, mudança de textura após alguns dias, processabilidade de ingredientes, análise de aditivos e avaliações sensoriais.

É possível realizar diversos testes, tudo vai depender dos aspectos que a empresa pretende analisar antes de dar o próximo passo, que são os testes industriais.

3. Testes industriais 


Por fim, temos os testes industriais. Na progressão lógica dos testes de P&D, fica evidente que esse teste se trata de uma análise realizada com as mesmas condições de produção em larga escala.

Aqui, saem de cenas os simulacros e análises mais rasas para dar lugar à um teste mais preciso. A precisão é a palavra de ordem no teste industrial, afinal, o que os pesquisadores querem é saber a real condição do produto durante o processo completo de produção.

O teste industrial precisa ser grande o suficiente para reproduzir a realidade, portanto, costumam ser procedimentos mais custosos para a empresa.

Apesar de ter um custo elevado, é necessário fazer esse teste, em muitos casos será necessário mais de um teste industrial para obter a precisão analítica desejada.

Os principais ganhos da empresa com a execução de testes industriais são:

Maior definição de processos


O nível de detalhamento dos processos de produção é amplo nos testes industriais. Por serem a simulação mais verossímil que a empresa realiza, fica bem claro quais são os processos adotados e seus impactos.

Avaliação Completa das Funcionalidades


O teste industrial vai permitir que a empresa tire as dúvidas finais e faça seu veredito sobre as funcionalidades do produto e como elas se comportam na linha de produção.

Testes de Shelf-Life


Os testes de Shelf-Life têm como finalidade analisar como o produto se comporta nas condições esperadas para as prateleiras, ou seja, após finalizado todo o processo de produção. Ele permite análise precisa de vida útil do produto, assim como seu índice de deterioração e quais as alterações sofridas nas principais funcionalidades do produto.

Conclusão


Todos esses testes visam apenas um fato: criar um produto de qualidade. O mercado clama por produtos saudáveis, confiáveis e que supram suas necessidades de consumo. Cabe à indústria executar os procedimentos de verificação que acredita que são necessários para fazer com que seus produtos cheguem até às prateleiras da forma como foi concebido dentro da fábrica.

Os testes são parte indexável do processo de produção alimentícia, portanto, é fundamental para qualquer profissional de P&D saber quais são os tipos de testes, como é feita sua condução e quais são os critérios analíticos envolvidos nesta demanda.